domingo, 17 de fevereiro de 2013


ESSÊNCIA X SUCESSO

Uma das preocupações que nos assaltam quando começamos a atuar num ambiente de trabalho, ou qualquer outro grupo de pessoas é a busca pelo sucesso, prestígio e poder.
Muitos se dedicam com tanto ímpeto em alcançar essas coisas, como se nelas estivesse a única garantia de vida e sobrevivência; tudo que se precisa para viver neste mundo; tudo que vale a pena. Mas a verdade é que o essencial são os relacionamentos.
A arte de saber se relacionar; a sabedoria de reconhecer o valor de cada um é a riqueza verdadeira.
De nada adianta o poder e o sucesso se isto nos leva negligenciar e perder os relacionamentos.
Se amamos o próximo, nos tornamos em pessoas de valor. Se preservarmos a todo custo o essencial, o sucesso virá como consequência e não será um objeto de cobiça que acabe por nos corromper.
Os nossos valores moldarão a nossa índole e dirão quem na verdade somos. Assim , quando os bons costumes e princípios estão estabelecidos, eles não permitirão que ondas de vaidade tirem o nosso foco. Para firmar e enraizar nossos valores devemos buscar as verdades e promessas de diariamente. Só assim não correremos atrás do vento das vaidades e manteremos o essencial.
Achegar-se ao trono da graça nos faz respirar o amor e sabedoria de Deus. Isso nos estabiliza e bloqueia as tentações vindas da cobiça por sucesso e poder como um fim em si mesmo.
Deus tem bençãos sem medida para quem o busca de todo coração. Busque a essência em e não precisará se preocupar com o resto.
Que em 2013 possamos ter esses preceitos em nossos corações, para termos um ano de muita paz, sabedoria e harmonia entre as pessoas que convivem conosco.
É o que desejo a todos que estão em meu coração para sempre.

CaL Maria Cecilia Bigarelli Ayub
Associada do Lions Agudos como Companheira Leão desde 1987.
Domadora do Leão Nelson Ayub desde 1967

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013



Ânimo em meio à turbulência

Thomas H. Kang

Recentemente andava extremamente desanimado com a quantidade de pequenas e grandes tarefas que se avolumavam para mim em São Paulo. As obrigações de mestrando, que já são suficientes para ocupar uma vida, somavam-se à preocupação com as monitorias para os alunos da graduação e ao projeto junto ao governo do Estado em que tenho trabalhado. Como se não bastassem, compromissos com a Igreja adicionavam ainda mais peso.

Mais do que pelas horas de trabalho, o que mais me deixa nervoso é a perda de foco e concentração devido às muitas atividades pequenas. Também a percepção da incapacidade de fazer tudo como deveria ser feito é exasperante. Um certo perfeccionismo e talvez uma excessiva exigência em relação ao próprio desempenho deixam uma pessoa enfurecida quando se percebe que, mesmo dedicando todo o tempo disponível para as atividades, é impossível executar tudo com excelência.

Incomoda-me profundamente também que algumas de minhas atividades são enfadonhas ao extremo. Outras ainda, como a monitoria, são até agradáveis. Mas com a falta de concentração e tempo, é impossível estar sabendo a matéria tanto quanto os alunos esperam (ou tanto quanto eu gostaria de saber para me sentir realizado). Não consigo não me importar com trabalho mal feito, seja devido às minhas próprias exigências, seja devido às supostas exigências dos outros. E assim, com o tempo escasso restante, fica difícil estar satisfeito com a própria dissertação, ao pensar no quanto ela poderia ter melhorado não fossem os outros afazeres. As atividades da igreja recentemente têm me prejudicado, talvez por que eu mesmo exijo de mim mais do que realmente posso contribuir. E no fim das contas, mesmo minha espiritualidade vai para o saco com a falta de tempo. Muito trabalho, pouca reflexão, vida vazia. Jesus já alertara Marta sobre isso.

Não abri mão, no entanto, de atividades de lazer com amigos no fim de semana. Importante, é verdade, principalmente quando me conformo por um momento que não conseguirei fazer tudo como quero. Fácil então se entregar na hora de se decidir pelo lazer e, também, pelo erro do excesso de lazer. E assim, também não consigo descansar de fato. Descanso a mente, mas não o corpo.

Abri agora pouco um livro de teologia, enquanto não conseguia dormir pensando em tudo que preciso fazer. Bonhoeffer, meu guru teológico, fala das últimas e penúltimas coisas. Não vou explicar. Mas isso me fez pensar na minha semana vindoura. Um pouco de ânimo surgiu e alguma vontade por disciplina.

Vou fazer o que puder. Lembrar que o projeto junto ao governo, embora chato ao extremo, é útil e ajudará pessoas necessitadas. Jesus sempre falou dos pobres e somos chamados realmente a ajudá-los – por amor e para preparar o caminho para que a graça chegue a todos. Tentarei ajudar meus alunos da monitoria. Deveriam ter um monitor melhor, não alguém que busca aprender a econometria que não estudou na graduação. Mas não posso fazer mais do que posso. Meu esforço não pode ser apenas para que eu consiga me sentir bem, mas como serviço ao próximo. Não posso querer ser competente e esforçado apenas para reforçar meu ego, nada é mais angustiante que isso, porque o ego é ganancioso.

Talvez aí Deus me ajude. Preciso escrever um texto para o Conselho Mundial de Igrejas e milhões de idéias vêm a minha cabeça. Mas de que maneira estarei servindo a Cristo? Se não conseguir enxergar isso no dia-a-dia, como escreverei sobre isso? Certamente, estarei mais apto a escrever quando meu ódio ao mundo se desvanecer e amá-lo do jeito que ele é, com todos os seus defeitos. O que vejo de errado no mundo deve continuar sendo visto como errado, mas a minha reação não pode ser daquele que se sente pessoalmente incomodado. Não pode ser uma resposta raivosa e vingativa, para quem o mundo incomoda por não satisfazer meus desejos egoístas. A injustiça existe e minha reação deve ser de amor a esse mundo, onde Deus quer que sinais de graça estejam presentes. Não pode ser o desejo de puni-lo simplesmente, de revoltar-se contra tudo.  Agredir com raiva o que existe não leva às pessoas a mensagem da graça e do amor de Cristo pela humanidade. Talvez, por isso, não posso enxergar minha semana com raiva.